Brasília 65 anos: do papel ao concreto
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Artigo — Brasília 65 anos: do papel ao concreto
Primeiro é a gestação. Depois, o nascimento. Há precisamente 65 anos, Brasília começava a ser gestada no papel. Era a burocracia das ordens, das leis e dos conformes, antes do ronco dos tratores e das curvas de nível. Brasília faz, neste 21 de abril de 2021, 61 anos. São 61 anos da inauguração. A construção, na verdade, começou em 1956, há 65 anos.
Vale a pena rememorar algumas datas importantes que se deram nesse ano. Lá se vão seis décadas e meia. Tudo começou com a eleição do presidente Juscelino Kubitschek, em 3 de outubro de 1955. JK elegeu-se com 3.077.411 votos (35,68%). O general Juarez Távora ficou em segundo lugar, com 2.610.462 votos (30,27%), Ademar de Barros conseguiu 2.222.725 votos (25,77%) e Plínio Salgado teve 714379 votos (8,28%).
Com a posse de JK, em 1956, o Brasil deu uma reviravolta geopolítica, econômica e cultural. O país se redescobriu ao ocupar o grande vazio do Centro-Oeste. Uma breve cronologia:
31 de janeiro de 1956
Juscelino Kubitschek, com 54 anos, toma posse como o 21º presidente da República do Brasil e garante que vai cumprir o Plano de Metas anunciado durante a campanha. Ao final do governo, tinha cumprido as 30 metas — mais a meta síntese: a construção de Brasília.
18 de abril de 1956
JK viaja para Manaus num avião da FAB. A comitiva presidencial programa descer em Goiânia. O governador de Goiás, Juca Ludovico, espera JK com uma multidão no aeroporto, para assinar e festejar a mensagem ao Congresso do projeto de lei da mudança da capital. Mau tempo em Goiânia. O C-47 da FAB, após várias tentativas de aterrissagem, desloca-se para o aeroporto mais perto: Anápolis. Eram 5h30 da manhã. Num botequim, depois de uma “média com pão e manteiga” e na presença de alguns curiosos, JK assina a mensagem para o Congresso sobre a Transferência da Capital do Rio para Brasília e marca a data de inauguração. Como a assinatura foi em Anápolis, e não mais em Goiânia, antes, JK pede ao deputado federal amazonense Francisco Pereira da Silva, que estava na comitiva, para redigir {a mão uma Ata. Todos assinam. Depois, JK risca a palavra Goiânia, escreve Anápolis e assina a mensagem. Daí, “Mensagem de Anápolis”.
19 de setembro de 1956
Nasce a Novacap. O Congresso aprova a lei que o autoriza a tomar as providências para a transferência da capital do Rio para o Planalto Central, com dia marcado: 21 de abril de 1960. O projeto se converte na Lei nº 2.874, que cria a Novacap. Votação é dura. Nas comissões, nunca houve mais de três votos de diferença. Em plenário, quem desempatou a favor de Brasília foi o PRP de Adhemar de Barros, graças ao trabalho de seu líder, o deputado maranhense Neiva Moreira. Nesse mesmo dia, Ernesto Silva, presidente da Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança, lança o edital para o concurso do Plano Piloto. Participaram da elaboração do edital Israel Pinheiro, Oscar Niemeyer, os arquitetos e professores Raul Pena Firme e Roberto Lacombe.
30 de setembro de 1956
É publicado no Diário Oficial o edital do concurso para escolha do projeto do Plano Piloto, com premiação para os cinco melhores projetos: Cr$ 1 milhão, para o primeiro; Cr$ 500 mil, para o segundo; Cr$ 400 mil, para o terceiro; Cr$ 300 mil, para o quarto; e Cr$ 200 mil, para o quinto lugar.
2 de outubro de 1956
JK faz a primeira visita à área onde seria construída a nova capital. E profetiza: “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.
10 de novembro de 1956
É inaugurado o Catetinho, em Brasília. Símbolo do idealismo e da esperança de milhares de brasileiros que participaram da construção da nova capital.
16 de dezembro de 1956
Bernardo Sayão inaugura o primeiro núcleo para servir de centro de atendimento, almoxarifado, centro comercial e de lazer para os trabalhadores. O núcleo passa a se chamar Cidade Livre. Hoje, Núcleo Bandeirante.
Vale lembrar: JK foi um presidente estadista, determinado, que fez o Brasil avançar 50 anos em cinco. A força da personalidade política de JK era tão extraordinária que, se ele não tivesse construído Brasília naqueles exatos cinco anos, Brasília continuaria sendo uma utopia.
Jânio Quadros, eleito em 1961, não iria construir por ser contra Brasília. João Goulart, cercado de crises, muito menos. Os militares não teriam imaginação para tanto. Brasília continuaria sendo um belíssimo sonho constitucional. Imagina José Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Michel Temer ou o próprio presidente Bolsonaro tentando construir Brasília. Não teriam licença ambiental do Ibama nem para fazer o Catetinho.
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