A CAPELA
Após a procissão, o Sr. Arcebispo benzeu a imagem de bronze, representando a Senhora Santana, que foi colocada na parte alta da praça, de crente para o nascente.
Cap IV - NOS TEMPOS DA FREGUESIA
O afluxo de pessoas de outras localidades, com o consequente aumento da população, levou os moradores do povoado a conseguirem a criação da Freguesia, sendo nomeado Inspetor Paroquial o Padre Francisco Inácio da Luz.
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Em 1875, um incidente desagradável motivou a saída do vigário da Paróquia de Santana.
O Pe. Francisco Inácio da Luz residia na casa onde, posteriormente, Odorico Silva Leão criou toda a sua família, e onde, mais tarde, construiu-se o Hospital Nossa Senhora Aparecida.
Hábil marceneiro , montou uma serraria em seu terreno e para lá desviou o Rego Grande, que era de serventia pública.
Houve grande descontentamento por parte da população, que, chefiada por Joaquim Sebastião de Bastos, dirigiu uma queixa ao Presidente da Província de Goiás.
Desgostoso, insultado e ameaçado, o vigário voltou para Pirenópolis no dia 11 de março de 1875, deixando num Livro de Termo de Batismos, que abrange os anos de 1870/75, folha 64/v, a seguinte nota:
"Declaro que nesta data, 11 de março de 1875, deixei de ser Capelão Cura desta Igreja de Sant'Anna das Antas, impelido por insultos de Silvério Pedro da Silva e Joaquim Sebastião de Bastos, que me obrigaram a retirar-me, neste mesmo dia para a cidade de Meia Ponte. Pe Francisco Inácio da Luz."
Diz a tradição - e cresci ouvindo isto - que o vigário injuriado amaldiçoou o rego d'água, dizendo que nele haveria de correr sangue. Amaldiçoou também aos dois agressores.
Quanto à primeira maldição, uma pessoa idônea nos contou que, muitos anos decorridos daquele acontecimento, numa briga à margem do Rego Grande, o avô de João Pires Batista esfaqueou um homem, cujo cadáver, caindo no rego, tingiu suas águas de sangue...
A respeito da segunda, uma nora de Silvério Pedro da Silva, forte e lúcida, apesar de seus 90 anos, de memória invejável, narrou-me todas as desgraças que se abateram sobre sua família e disse-me que, todas as vezes em alguma coisa ruim que acontece, diz a si mesma: - "Isso é praga do padre..."
Com o afastamento do Pe. Francisco Inácio da Luz, substituiu-o, como Inspetor Paroquial, Gomes de Sousa Ramos, e, como vigário encomendado da paróquia, o Pe. Luiz Manuel dos Anjos, coadjutor do vigário de Meia Ponte. Esse vigário aqui chegou em 1876, donde se conclui que a paróquia ficou sem vigário por alguns meses.
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Enquanto isto,a Freguesia ia crescendo.
Depois de concluído e melhorado o prédio da igreja, foi a Paróquia de Santana canonicamente instalada a 5 de abril de 1879 e, a 8 de junho do mesmo ano, o Pe. Luiz Manuel dos Anjos prestou juramento e tomou posse.
Os sepultamentos em Santana das Antas eram feitos, indiscriminadamente, no largo da igreja. Os cadáveres eram trazidos em banguês - lençol ou colcha em formato de rede, suspenso por uma vara, cujas duas pontas se apoiavam no ombro dos carregadores - e jogados dentro das covas.
Em1i82, Ângelo José de Sousa construiu e doou à igreja um cemitério, que ficava bem afastado do núcleo populacional. No local desse antigo cemitério construiu-se a atual Praça Americano do Brasil.
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Durante dois anos e quatro meses, a Freguesia de Santana das Antas chamou-se Santana dos Campos Ricos, voltando depois à antiga denominação. Isso de julho de 1884 a novembro de 1886.
Cap. V - A VILA
No recenseamento efetuado em 1873, relativo ao Município de Meia Ponte, a Freguesia de Santana das Antas acusava uma população de 8.096 habitantes, enttr brancos e escravos. Até ao final da década, essa população se elevava a quase dez mil almas.
Com tamanho desenvolvimento e tão crescente aumento da população, era natural que os moradores começassem a acalentar a esperança de transformar a Freguesia em Vila.
Mediante grandes esforços fos chefes políticos da época, Gomes de Sousa Ramos e Zeca Batista - cujo prestígio já se consolidava - auxiliados por pessoas de projeção, a Freguesia foi elevada a Vila pela Lei n° 811, de 15 de dezembro de 1887.
Houve grande regozijo popular, mas a instalação só se deu cinco anos depois. Entre os acontecimentos que retardaram o processo de instalação da Vila, citam-se a Abolição da Escravatura, em 1888, e a Proclamação da República, em 1889, fatos que abalaram profundamente a estrutura nacional.
Entretanto, novos acontecimentos se sucederam na Freguesia, já então elevada a Vila.
Criou-se a Coletoria, em janeiro de 1888, sendo o primeiro exator, João Vaz da Costa.
Gomes de Sousa Ramos adoeceu em junho de 1889, vindo a falecer em setembro do mesmo ano, sem ter tido a satisfação de conhecer a República. Por motivo da sua doença, assumiu a chefia política local José da Silva Batista.
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Em 1891, o Pe. Francisco Xavier da Silva passou a ser o novo vigário de Santana. Pastor dedicado ao seu rebanho, melhorou bastante o espírito religioso dos paroquianos e comprou os paramentos que faltavam à igreja.
Preparando-se para a instalação da vila, os antenses formaram a sua primeira Junta Administrativa, em fevereiro de 1892, escolhendo para seu presidente, José da Silva Batista.
O valor e prestígio de Zeca Batista cresceram tanto que, com apenas dez anos de residência em Antas, tornou-se chefe supremo da política local.
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